O Orçamento
Público, em sentido amplo, é um documento legal (aprovado por lei) contendo a
previsão de receitas e a estimativa de despesas a serem realizadas por um
Governo em um determinado exercício (geralmente um ano).
Os primeiros
Orçamentos que se têm notícia eram os chamados orçamentos tradicionais,
que se importavam apenas com o gasto (ênfase no gasto). Eram meros
documentos de previsão de receita e autorização de despesas sem nenhum vínculo
com um sistema de planejamento governamental. Simplesmente se fazia uma
estimativa de quanto se ia arrecadar e decidia-se o que comprar, sem nenhuma
prioridade ou senso distributivo na alocação dos recursos públicos.
O Orçamento
evoluiu ao longo da história para um conceito de Orçamento-Programa,
segundo o qual o Orçamento não é apenas um mero documento de previsão da
arrecadação e autorização do gasto, mas um documento legal que contém programas
e ações vinculados a um processo de planejamento público, com objetivos e metas
a alcançar no exercício (a ênfase no Orçamento-Programa é nas realizações do
Governo).
O Orçamento
Público no Brasil (Orçamento Geral da União) inicia-se com um texto elaborado pelo Poder Executivo e entregue ao
Poder Legislativo para discussão, aprovação e conversão em lei. O documento
contém a estimativa de arrecadação das receitas federais para o ano seguinte e
a autorização para a realização de despesas do Governo. Porém, está atrelado a
um forte sistema de planejamento público das ações a realizar no
exercício.
O
OGU é constituído de três peças em sua composição: o Orçamento Fiscal, o
Orçamento da Seguridade Social e o Orçamento de Investimento das Empresas
Estatais Federais.
Existem
princípios
básicos que devem ser seguidos para elaboração e controle dos
Orçamentos Públicos, que estão definidos no caso brasileiro na Constituição, na
Lei 4.320/64, no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na
recente Lei de Responsabilidade Fiscal.
A
Constituição Federal de 1988 atribui ao Poder Executivo a responsabilidade pelo
sistema de Planejamento e Orçamento, e a iniciativa dos seguintes projetos de
lei:
·
Plano
Plurianual (PPA)
·
Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO)
·
Lei de
Orçamento Anual (LOA)
O PPA é a lei que define
as prioridades do Governo pelo período de 4 (quatro) anos. O projeto de
lei do PPA deve ser enviado pelo Presidente da República ao Congresso Nacional até
o dia 31 de agosto do primeiro ano de seu mandato (4 meses antes do
encerramento da sessão legislativa).
De
acordo com a Constituição Federal, o PPA deve conter “as diretrizes,
objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital
e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração
continuada”.
A LDO é a lei anterior à lei orçamentária, que define as metas e
prioridades em termos de programas a executar pelo Governo. O projeto de lei da
LDO deve ser enviado pelo Poder Executivo
ao Congresso Nacional até o dia 15 de abril de cada ano (8 meses e meio
antes do encerramento da sessão legislativa).
De
acordo com a Constituição Federal, a LDO estabelece as metas e prioridades
para o exercício financeiro subseqüente, orienta a elaboração do Orçamento (Lei
Orçamentária Anual), dispõe sobre alterações na legislação tributária e
estabele a política de aplicação das agências financeiras de fomento.
Com
base na LDO aprovada a cada ano pelo Poder Legislativo, a Secretaria de
Orçamento Federal, órgão do Poder Executivo, consolida a proposta orçamentária
de todos os órgãos dos Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) para o ano
seguinte no Projeto de Lei encaminhado para discussão e votação no Congresso
Nacional.
Por
determinação constitucional, o Governo é obrigado a encaminhar o Projeto de
Lei Orçamentária Anual ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto de cada ano
(4 meses antes do encerramento da sessão legislativa). Acompanha o projeto
uma Mensagem do Presidente da República, na qual é feito um diagnóstico sobre a
situação econômica do país e suas perspectivas.
A
Lei Orçamentária Anual disciplina todos os programas e ações do governo federal
no exercício. Nenhuma despesa pública pode ser executada sem estar
consignada no Orçamento. No Congresso, deputados e senadores discutem na
Comissão Mista de Orçamentos e Planos a proposta orçamentária (projeto de lei)
enviada pelo Poder Executivo, fazendo modificações que julgar necessárias, por
meio de emendas, votando ao final o projeto.
A Constituição determina que o Orçamento deve ser votado e aprovado até
o final de cada Legislatura (15.12 de cada ano). Depois de aprovado, o projeto
é sancionado e publicado pelo Presidente da República, transformando-se na Lei
Orçamentária Anual.
A
Lei Orçamentária Anual (LOA) estima as receitas e autoriza as despesas do
Governo de acordo com a previsão de arrecadação. Se durante o exercício
financeiro houver necessidade de realização de despesas acima do limite que
está previsto na Lei, o Poder Executivo submete ao Congresso Nacional um novo
projeto de lei solicitando crédito adicional.
Por
outro lado, a necessidade de contenção dos gastos obriga o Poder Executivo
muitas vezes a editar Decretos com limites orçamentários e financeiros para o
gasto, abaixo dos limites autorizados pelo Congresso. São os intitulados
Decretos de Contingenciamento, que limitam as despesas abaixo dos limites
aprovados na lei orçamentária.
A
Lei de Responsabilidade Fiscal,
aprovada em 2000 pelo Congresso Nacional introduziu responsabilidades para o
administrador público em relação aos Orçamentos da União, dos Estados e
Municípios, como o limite de gastos com pessoal, por exemplo. A LRF instituiu a
disciplina fiscal para os três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário,
estendendo também a disciplina aos Orçamentos de Estados e Municípios.
Os objetivos de toda
política orçamentária são corrigir as falhas de mercado e as distorções,
visando manter a estabilidade, melhorar a distribuição de renda, e alocar os
recursos com mais eficiência. O Orçamento tem a função de também regular
o mercado e coibir abusos, reduzindo falhas de mercado e externalidades
negativas (fatores adversos causados pela produção, como poluição,
problemas urbanos, etc).
O Governo
intervém de várias formas no mercado. Por intermédio da política fiscal e da
política monetária, por exemplo, é possível controlar preços, salários,
inflação, impor choques na oferta ou restringir a demanda.
Instrumentos e
recursos utilizados pelo Governo para intervir na Economia:
·
Política Fiscal - envolve a administração e a
geração de receitas, além do cumprimento de metas e objetivos governamentais no
orçamento, utilizado para a alocação, distribuição de recursos e estabilização
da economia. É possível, com a política fiscal, aumentar a renda e o PIB e
aquecer a economia, com uma melhor distribuição de renda.
·
Política Regulatória - envolve o uso
de medidas legais como decretos, leis, portarias, etc., expedidos como alternativa
para se alocar, distribuir os recursos e estabilizar a economia. Com o uso das
normas, diversas condutas podem ser banidas, como a criação de monopólios,
cartéis, práticas abusivas, poluição, etc.
·
Política Monetária – envolve o
controle da oferta de moeda, da taxa de juros e do crédito em geral, para
efeito de estabilização da economia e influência na decisão de produtores e
consumidores. Com a política monetária, pode-se controlar a inflação, preços,
restringir a demanda, etc.
O Orçamento Público
funciona como um balizador na Economia. Se temos elevados investimentos
governamentais no Orçamento, provavelmente o número de empregos aumentará,
assim como a renda agregada melhorará. Em compensação, um orçamento restrito em
investimentos, provocará desemprego, desaceleração da economia, e decréscimo no
produto interno bruto.
O Governo pode
provocar orçamentos expansionistas ou gerar um orçamento recessivo.
Dentre as
funções consubstanciadas no Orçamento Público, destacamos:
·
Função alocativa - Oferecer bens e serviços
(públicos puros) que não seriam oferecidos pelo mercado ou seriam em condições
ineficientes (meritórios ou semipúblicos) e. criar condições para que bens
privados sejam oferecidos no mercado (devido ao alto risco, custo, etc) pelos
produtores, por investimentos ou intervenções, corrigir imperfeições no sistema
de mercado (oligopólios, monopólios, etc) e corrigir os efeitos negativos de
externalidades.
·
Função distributiva – Tornar a
sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, através da tributação e
transferências financeiras, subsídios, incentivos fiscais, alocação de recursos
em camadas mais pobres da população, etc.
·
Função estabilizadora – ajustar o
nível geral de preços, nível de emprego, estabilizar a moeda, mediante instrumentos
de política monetária, cambial e fiscal, ou outras medidas de intervenção
econômica (controles por leis, limites).
PRINCÍPIOS DO ORÇAMENTO PÚBLICO
Existem
princípios básicos que devem ser seguidos na elaboração e execução do
orçamento, que estão definidos na Constituição Federal, na Lei nº 4.320, de 17
de março de 1964, no Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
A
Lei nº 4.320/64 estabelece os fundamentos da transparência orçamentária (art.
2º):
"A
Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa, de forma a
evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo,
obedecidos os princípios da unidade, universalidade e anualidade".
PRINCÍPIOS
ORÇAMENTÁRIOS
·
Unidade – Só existe um Orçamento para cada ente federativo (no
Brasil, existe um Orçamento para a União, um para cada Estado e um para cada
Município). Cada ente deve possuir o seu Orçamento, fundamentado em uma
política orçamentária e estruturado uniformemente. Não há múltiplos orçamentos
em uma mesma esfera. O fato do Orçamento Geral da União possuir três peças,
como o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade Social e o Orçamento de
Investimento não representa afronta ao princípio da unidade, pois o Orçamento é
único, válido para os três Poderes. O que há é apenas volumes diferentes
segundo áreas de atuação do Governo.
·
Universalidade – o Orçamento deve agregar todas as receitas e
despesas de toda a administração direta e indireta dos Poderes. A Lei
orçamentária deve incorporar todas as receitas e despesas, ou seja, nenhuma
instituição pública que receba recursos orçamentários ou gerencie recursos
federais pode ficar de fora do Orçamento.
·
Anualidade /
Periodicidade – o Orçamento cobre um
período limitado. No Brasil, este período corresponde ao ano ou exercício
financeiro, de 01/01 a 31/12. O período estabelece um limite de tempo para as
estimativas de receita e fixação da despesa, ou seja, o orçamento deve se
realizar no exercício que corresponde ao próprio ano fiscal.
·
Legalidade – O Orçamento é objeto de uma lei específica (Lei
ordinária no Brasil), e como tal, deve cumprir o rito legislativo próprio, com
o cumprimento de todos os quesitos, inclusive seu sancionamento e publicação
pelo Presidente da República ou Congresso Nacional.
·
Exclusividade – O Orçamento só versa sobre matéria orçamentária,
podendo conter autorização para abertura de créditos suplementares e operações
de crédito, ainda que por antecipação da receita.
·
Especificação
ou discriminação ou especialização –
São vedadas autorizações globais no Orçamento. As despesas devem ser
especificadas no Orçamento, no mínimo, por modalidade de aplicação.
·
Publicidade – O Orçamento de um país deve ser sempre divulgado
quando aprovado e transformado em lei. No Brasil, o Orçamento Federal é
publicado no Diário Oficial da União.
·
Equilíbrio – As despesas autorizadas no Orçamento devem ser,
sempre que possível, iguais às receitas previstas. Não pode haver um
desequilíbrio acentuado nos gastos.
·
Orçamento-Bruto - A receita e despesa constante no Orçamento, exceto
os descontos constitucionais (ex.transferências constitucionais), devem
aparecer no Orçamento pelo valor total
ou valor bruto, sem deduções de nenhuma espécie.
·
Não-afetação
ou não-vinculação – É vedada a
vinculação dos impostos a órgão, fundo ou despesa, exceto as próprias
transferências constitucionais para manutenção e desenvolvimento do ensino
(FPE, FPM, etc). e as garantias às operações de crédito por antecipação da
receita.
·
Programação,
tipicidade e atipicidade – Durante a
fase de consolidação da proposta de Orçamento, geralmente se seguem
determinadas classificações orçamentárias existentes. Há uma tabela de
classificação funcional de despesas, por exemplo, que classifica a despesa em
funções, subfunções, programas e ações. Há outra tabela de classificação da
despesa por fontes de recursos e outra por unidade orçamentária, por exemplo.
No processo de programação da despesa no Orçamento, em primeiro lugar é preciso
identificar a função a que pertence a despesa (se é uma despesa classificável na
função Educação, Saúde, Ciência e Tecnologia, Transportes, ou qualquer outra).
A função é o nível mais elevado de agregação de despesas, representando quase
que uma área de atuação do Governo. As diferentes funções se dividem em
subfunções, que, por sua vez, comportam diferentes programas de Governo,
compostos por ações (projetos, atividades ou operações especiais) a realizar no
exercício. Programar uma despesa é classificar a despesa de maneira a ficar
evidenciado onde será utilizado o recurso (em qual função, subfunção, programa
ou ação do Governo). Porém, no processo de programação, pode ocorrer de um
programa não se vincular á sua respectiva subfunção da tabela de classificação
funcional. OU uma subfunção não se vincular à sua função típica, constante da
tabela de classificação funcional. Ou seja, em termos práticos, nem sempre se
programa a despesa respeitando-se a classificação funcional existente nas
tabelas orçamentárias. Quando um programa é vinculado a uma subfunção que não
aquela correspondente à da tabela de classificação, dizemos que ocorreu atipicidade na programação da despesa, ou
seja, não há uma classificação típica. O mesmo acontece quando uma despesa
classificada no Orçamento em uma subfunção está vinculada a outra função que
não a função correspondente, segundo a tabela de classificação orçamentária. A
tabela de classificação funcional da despesa por funções e subfunções está
consignada no livro “Manual Técnico de Orçamento” publicado pela Secretaria de
Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).
FONTE: www.concursopublico.trix.net
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