Páginas

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

RESENHA DO MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA

RESENHA: Manifesto do Partido Comunista
Escrito por Karl Marx e Friedrich Engels em dezembro de 1847 - janeiro de 1848. Publicado pela primeira vez em Londres em fevereiro de 1848. Publicado de acordo com o texto da edição soviética em espanhol de 1951, traduzida da edição alemã de 1848. Confrontado com a edição inglesa de 1888, editada por Friedrich Engels.

Da forma como estava sendo conduzido o capitalismo, não foi surpresa que surgisse um documento tão contundente como o Manifesto do Partido Comunista, trazendo esperança e progresso a situação dos trabalhadores. Motivou diversos movimentos de trabalhadores, que ajudou a amenizar os problemas relacionados a absurda exploração que sofriam há várias décadas, ao enfatizar a igualdade entre os homens e ao afirmar que os pobres, os pequenos, os explorados, enfim os proletariado também podem ser senhores de suas vidas.
Documento histórico foi testemunha da rebeldia do seres humanos. Com um texto racional, apaixonante e irônico deixa transparecer a origem comum com homens e mulheres de outros tempos.
A inquietação que agitou Liga dos Comunistas, reunida em Londres no ano de 1847, não foi diferente do que incendiou corações e mentes na luta contra a escravidão em todos os tempos, seja na servidão medieval ou no obscurantismo religioso ou em todas as formas de opressão.

Encomendado a Marx e a Engels, intelectuais então quase desconhecidos, um de 30 e o outro de 28 anos, a elaboração do Manifesto saiu com um texto claro e objetivo. Portanto, o Manifesto Comunista é um conjunto afirmativo de idéias, de "verdades" em que os revolucionários da época acreditavam, por conterem, segundo eles, elementos científicos e um tanto economicistas, necessários para a compreensão das transformações sociais. Nesse sentido, o Manifesto é mais um monumento do que um documento pétreo, determinante, forte com palavras e frases que queriam ter o poder de uma arma para mudar o mundo, colocando se no lugar "da velha sociedade burguesa uma associação na qual o livre desenvolvimento de cada membro é a condição para o desenvolvimento de todos."
Podemos dizer que o texto é constituido por 3 partes, a saber:
A introdução discorre sobre o medo que o comunismo causa nas classes dominantes de então, representados pela burguesia emergente, igreja e governantes. O medo que o comunismo causa acaba por unir todos os poderosos em uma aliança, satanizando o adversário que causa a desordem, instigando desobediência naqueles que são explorados pelo stato quo. O lado positivo é o reconhecimento do comunismo como uma nova força política emergente, trazendo a necessidade de explicar ao mundo seus objetivos e brecar a deturpação daqueles que a criticam.

"Burgueses e Proletários", primeira parte, resume a história da humanidade desde de tempos antigos até os dias de então, descrevendo as duas classes sociais que dominaram o cenário.

A contribuição deste capítulo é a descrição das enormes transformações que a burguesia industrial provocou no mundo, representando "na história um papel essencialmente revolucionário".

Com sincera admiração, Marx e Engels relatam o fenômeno da “mundialização” que a burguesia implementava, espalhando o comércio, a navegação, os meios de comunicação. “A burguesia suprime cada vez mais a dispersão dos meios de produção, da propriedade e da população. Aglomerou as populações, centralizou os meios de produção e concentrou a propriedade em poucas mãos. A conseqüência necessária dessas transformações foi a centralização política. Províncias independentes, apenas ligadas por débeis laços federativos, possuindo interesses, leis, governos e tarifas aduaneiras diferentes, foram reunidas em uma só nação, com um só governo, uma só lei, um só interesse nacional de classe, uma só barreira alfandegária."
O Manifesto anteviu o que ocorre no mundo atual como o desenvolvimento capitalista liberou forças produtivas nunca vistas, "mais colossais e variadas que todas as gerações passadas em seu conjunto". O poder do capital que submete o trabalho é anunciado e nos faz pensar no mundo globalizado em que vivemos.
A revolução tecnológica e científica a que assistimos concentrado nas mãos de grandes conglomerados capitalistas, não passa da continuação daquela descrita no Manifesto, que "criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, que os aquedutos romanos e as catedrais góticas; conduziu expedições maiores que as antigas migrações de povos e cruzadas".
Um elogio ao dinamismo da burguesia? Talvez? Mas vemos o antagonismo quando nos defrontamos com o trecho: ”Basta mencionar as crises comerciais que, repetindo-se periodicamente, ameaçam cada vez mais a existência da sociedade burguesa. Cada crise destrói regularmente não só uma grande massa de produtos já fabricados, mas também uma grande parte das próprias forças produtivas já desenvolvidas.”
Em outro momento parecer dúbio: “Com o desenvolvimento da burguesia, isto é, do capital, desenvolve-se também o proletariado, a classe dos operários modernos, que só podem viver se encontrarem trabalho, e que só encontram trabalho na medida em que este aumenta o capital.”
Chega a ser cruel com os desempregados, os mendigos, os marginalizados, "essa escória das camadas mais baixas da sociedade" que podem ser arrastada por uma revolução proletária, mas, por suas condições de vida, está predisposta a "vender-se à reação". O que se subentende que somente os operários fabris são capazes levar adiante a desejada revolução.
A relativização do papel dos comunistas junto ao proletariado é o aspecto mais interessante da parte II, intitulada "Proletários e Comunistas".
Com o fortalecimento do Movimento Comunista por toda a Europa, começam a surgir contestações ao que pregava os comunistas. O próprio Manisfeto se incumbe de argumentar sobre mentiras espalhadas pelos críticos ao movimento. O manifesto passa a se defender das criticas que lhe são impostas, tais como “a abolição da propriedade privada, da supressão da liberdade do indivíduo, da perda da cultura, da liberdade, dos direitos, da abolição da família, substituindo a educação doméstica pela educação social”. ”As declamações burguesas sobre a família e a educação, sobre os doces laços que unem a criança aos pais, tornam-se cada vez mais repugnantes à medida que a grande indústria destrói todos os laços familiares do proletário e transforma as crianças em simples objetos de comércio, em simples instrumentos de trabalho.”
Todavia, listava algumas medidas que poderiam ser postas em praticas em países mais avançados, tais como: “Expropriação da propriedade latifundiária e emprego da renda da terra em proveito do Estado, imposto fortemente progressivo, abolição do direito de herança, confisco da propriedade de todos os emigrados e sediciosos, centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e com o monopólio, centralização de todos os meios de transporte, trabalho obrigatório para todos, organização de exércitos industriais, particularmente para a agricultura.
"Literatura Socialista e Comunista", podemos considerar como a terceira parte e trás fortes críticas às diferentes correntes socialistas da época.
O Manifesto atribua, sem qualquer humildade, aos comunistas maiores poder de decisão, lucidez e liderança do que às outras “facções” que buscam representar o proletariado, seus objetivos são tidos como comuns: a organização dos proletários para a conquista do poder político e a destruição de supremacia burguesa.
O Manifesto, usando até de ironia, critica três tipos de socialismo da época: o "socialismo reacionário", "socialismo conservador e burguês" e o "socialismo e comunismo crítico-utópico adotadas naquele momento pelos comunistas, na França, na Suíça, na Polônia e na Alemanha, Estados Unidos e Rússia”.
Chega a citar a França: “Nos países como a França, onde os camponeses constituem bem mais da metade da população, são naturais que os escritores que se batiam pelo proletariado contra a burguesia, aplicassem à sua crítica do regime burguês critérios pequeno-burgueses e camponeses e defendessem a causa operária do ponto de vista da pequena burguesia. Desse modo se formou o socialismo pequeno-burguês.”
E Alemanha: “Nas condições alemãs, a literatura francesa perdeu toda significação prática imediata e tomou um caráter puramente literário”. “Introduziram suas insanidades filosóficas no original francês. Por exemplo, sob a crítica francesa das funções do dinheiro, escreveram da "alienação humana"; sob a crítica francesa do Estado burguês, escreveram "eliminação do poder da universidade abstrata", e assim por diante.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário