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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Fluxos econômicos do Mundo

Por: Daniel Nightwolf
O fluxo de capital privado destinado ao mundo em desenvolvimento duplicou nos últimos dois anos, na medida em que os investidores abandonaram o debilitado dólar em pastagens mais verdes na China e na Rússia, segundo o Instituto de Finanças Internacionais (IIF). Mas economistas advertem que tal fluxo não terá efeito positivo, pois é de natureza especulativa e não melhora a produtividade, o acesso à tecnologia ou aos mercados estrangeiros. Alguns recordam que estes capitais deram origem à crise econômica mundial de 1997. Um especialista sugeriu, inclusive, que o dinheiro destinado à Rússia tem como destino fundamental os setores de petróleo e energia.
Segundo o último informe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), que representa 340 bancos de todo o mundo, o fluxo líquido de capitais privados para os chamados mercados emergentes chegou, em 2004, a cerca de US$ 279 bilhões. Trata-se de um grande aumento desde os US$ 211 bilhões de 2003 e os US$ 125 bilhões de 2002. O IIF observou que estas cifras também são as maiores desde a crise econômica mundial iniciada em 1997 no sudeste asiático, quando os investidores fugiram em massa dos mercados emergentes. Em contraste, grande parte dos investimentos colocados no ano passado nos mercados emergentes se dirigiu a papéis asiáticos.
O IIF analisa periodicamente as perspectivas econômicas em 29 "mercados emergentes", termo cunhado pelo Banco Mundial como meio para incentivar os investidores a radicar capitais em locais considerados "em desenvolvimento" ou "terceiro-mundistas", qualificações que denotam alto risco. O fluxo de capital privado, impulsionado pela liberalização econômica e a desregulamentação de certas indústrias, contribui para o processo de globalização econômica que, segundo seus críticos, beneficia principalmente grandes empresas do Norte industrial às custas dos pobres no Sul em desenvolvimento.
Instituições multilaterais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), bem como vários organismos regionais, recomendam às nações pobres políticas que incentivem o fluxo de investimentos estrangeiros. Mas organizações em favor do desenvolvimento e críticos do processo de globalização afirmam que o investimento estrangeiro deve contribuir para favorecer o crescimento econômico das nações pobres a longo prazo.
O IIF previu que a Ásia continuará sendo o principal receptor desse fluxo, ao concentrar 46% do total dirigido aos mercados emergentes, embora menos que os 52% de 2004. Os investimentos de papéis, parte substancial do fluxo líquido de capital privado, em 2001 atingiu seu recorde em 11 anos, de quase US$ 36 bilhões, mas prevê-se que caia moderadamente, ainda que os países emergentes da Ásia estejam concentrando a parte do leão.. "A maioria dos países asiáticos tem uma taxa de poupança bastante elevada, e realmente não necessitam do capital externo". O IIF, que representa bancos, empresas de seguros, administradoras de fundos de capital e outras instituições de serviços financeiros, considera que o aumento do fluxo de capital demonstra maior confiança no rendimento de vários mercados emergentes importantes, como Brasil, Rússia e Turquia. No Oriente Médio e na África setentrional, os principais receptores de capital foram Egito, Argélia e Marrocos. Na Ásia do Pacífico, foram China, Índia, Indonésia e Malásia os que tiveram maior fluxo de investimentos externos. Brasil, Argentina e Chile figuram entre os grandes mercados emergentes latino-americanos, enquanto Bulgária, Hungria e Polônia encabeçaram a relação européia.
No total do investimento privado líquido em ações, incluindo papéis, aumentou no ano passado de US$ 165 bilhões para US$ 122 bilhões. Para este ano se prevê novo aumento, para US$ 177 bilhões. O investimento direto implica a aquisição de bens nacionais - como fábricas ou hotéis - por parte de investidores estrangeiros, enquanto o fluxo de ações implica radicar capitais através de fundos mútuos e outros mecanismos da bolsa de valores.

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