Autor: Daniel Martins
A convivência em comunidade exige deveres e obrigações comuns a cada indivíduo, tal como garante direitos limitados pela ética e moral existente. O crescimento em número dos indivíduos que formam uma comunidade exige também adaptações em termos estruturais para suprir as necessidades de todos, e também para que os direitos, deveres e obrigações permaneçam inalterados. Isso porque estes itens se resumem em leis para o grupo, facilita a convivência e evita o caos das divergências.
Desta nova estruturação, surge a divisão de tarefas e responsabilidades, ou seja, neste momento de crescimento, exige-se um sistema de interação mais complexo e de produção estratificada, sob uma administração centralizada. Assim, se mantém o objetivo, a garantia do bem-estar social.
A convivência em comunidade exige de cada indivíduo um respeito perante os direitos do próximo a partir de deveres e obrigações exigidos. Inicialmente, a comunidade pode manter sua concepção moral e ética de forma verbal, ou seja, não-escrita e culturalmente enraizada. Todavia, o crescimento em número de indivíduos exige uma restruturação das atividades, da produção e da oferta dos recursos de maneira igualitária, tal como a formalização das leis. Simplificando, manter o bem-estar social advindo da igualdade a todos os membros da comunidade. As leis surgem não somente para evitar o caos e a decadência produtiva e de bem-estar, mas também para facilitar decisões, individuais e em grupo.
Este crescimento leva a modificações estruturais, divisões de tarefas, produção estratificada e administração centralizada. A última surge paralelamente à necessidade de formalizar as leis da comunidade, constituindo um grupo capaz de harmonizar as tarefas descentralizadas e a distribuição justa a todos, sem discriminação e prejuízo, salvo aqueles desrespeitam as regras de convivência. Aliás, estas regras existem e se adaptam constantemente a cada nova restruturação em vista do constante crescimento. E este crescimento, obviamente, traz novas necessidades e, algumas vezes, acrescenta novos valores aos indivíduos. Além disso, a escassez de um recurso acaba gerando sua valorização. Ao grupo que detém sua extração ou produção, um status maior naquela comunidade, mais ainda, aos representantes de toda comunidade, responsáveis pela administração centralizada, exige-se que se mantenha o respeito aos direitos de todos, evitando, assim, o autoritarismo do grupo enriquecido. Desta situação, podemos tirar exemplos da turbulência gerada pelo crescimento. As leis existentes para manter a ordem do sistema e evitar o caos já não são eficientes o bastante para evitar o lucro de alguns em consequência do prejuízo de outros. A impunidade surge após o primeiro sucesso em burlar a lei e e se manter oculto diante do olhar da justiça.
Desenvolve-se, então, um novo conceito de comunidade, que é a sociedade hierarquizada. Sua divisão é decorrente dos valores, das diferentes formas de poder e das próprias normas mantidas para alguns grupos, diferentemente de outros.
Todos estes pontos podem ser identificados, por exemplo, no livro A revolução dos bichos. É o retrato do convívio pacífico entre os membros de uma comunidade, com a produção única e em conjunto, além da repartição igualitária dos recursos. Do crescimento nasce a necessidade da divisão de responsabilidades para manter o direito de todos, e desta restruturação vem a divisão hierárquica, pois alguns acabam se responsabilizando por atividades mais importantes do que as dos outros. A exigência por diferenças de tratamento começa a surgir. Paralelamente a discussões sobre interesses próprios em detrimento da coletividade, é gerada a administração do povo e, juntamente a ela, o poder. O poder, no entanto, pode ser a fonte da corrupção.
O mais interessante, no entanto, é entender como surgem conceitos morais e éticos para diferentes tipos de sociedade e, além disso, como é quase inevitável, a manipulação de um grupo perante o outro, dos fortes perante os fracos, dos maiores perante os menores, dos mais astutos perante os ignorantes. Assim como a natureza, o próprio habitat natural propicia a um grupo se destacar e disponibilizar recursos para que seus indivíduos manipulem a ordem e o caos. Lembremos sempre que a escassez gera a valorização, e em conjunto com a instabilidade social, gera o poder. Adam Smith, o pai do Capitalismo, poderia estar certo ao dizer que a busca pelo bem-estar individual gera o bem-estar de todo o grupo se não fosse pelo dinamismo das relações sociais e da própria natureza. Se ninguém se sacrifica em benefício de todos, alguém pode ser prejudicado. A mesma situação também é satirizada no conto O grilo e a formiga, onde a primeira personagem é o retrato do ócio e a segunda, do capital social, comunista, de interesses coletivos e do trabalhador.
Uma sociedade deve estar preparada para o dinamismo natural do seu habitat tal como o dinamismo criado por ela própria. Se a população cresce, os recursos devem existir em igual proporção, tal como as atividades básicas de sobrevivência. A igualdade se mantém pela distribuição justa das tarefas, dos alimentos e da moradia. O sacrifício de alguns, administrado indevidamente, gera o conforto imediato dos outros só pela simples comparação. Ou seja, quando todos estão se alimentando de arroz e feijão, a igualdade permanece, porém, quando uns passam a ter que dividir o feijão, quem mantém a sua quantia se julga superior. Às vezes, um grupo se supera diante de outros na sociedade não pelo que ganha, mas pelo que mantém.
As atitudes dos homens que desobedecem a ordem da sociedade muitas vezes são fáceis de entender. O prejuízo e a falta elevam a necessidade de subtração. A ameaça de "não possuir" gera a revolta contra o sistema. E o problema maior está no fato de que o homem nasceu como um ser livre, amoral e, por consequência, guiado pelos seus instintos, sem distinção do que é certo ou errado, bom ou ruim. Daí existe algo em todos os homens que os normalistas em toda a história procuraram controlar. Foram criadores da política, assim como criadores de religiões. Foram aqueles, e ainda são, os que enxergam o futuro e o desenvolvimento de recursos como parâmetro para os preceitos sociais. Ignoraram o inverso desde o início para garantir os resultados de suas ambições. Mas também, estes normalistas são frutos da nossa própria opção de vida, ou seja, o ser humano, desde o início, teve dificuldade para se decidir. Perante uma mesma situação, poderis agir de diversas maneiras, mas a inconstância dos resultados geraria dúvida e cansaço por ter que decidir novamente. Para isso, desde o início, as leis e as normas foram importantes, pois facilitavam ao grupo, em sua própria produção e relacionamento, evitavam discórdias e começavam a gerar resultados previstos. Estas leis e normas ficaram sob a administração de um grupo que se disponibilizou a esta tarefa: os normalistas.
Quando surge o caos, alguns certamente estarão ganhando com isso. Outro grupos, ainda vinculados à lealdade ao povo, lutam por mudanças. Sabem que não podem ignorar totalmente as regras, pois obviamente o homem é um ser movido por elas. Precisam, então, reestruturá-las. Se preciso, utilizando as mesmas armas de seus oponentes políticos, como a persuasão, para movimentar a massa popular.
As atitudes dos homens que desobedecem a ordem da sociedade muitas vezes são fáceis de entender. O prejuízo e a falta elevam a necessidade de subtração. A ameaça de "não possuir" gera a revolta contra o sistema. E o problema maior está no fato de que o homem nasceu como um ser livre, amoral e, por consequência, guiado pelos seus instintos, sem distinção do que é certo ou errado, bom ou ruim. Daí existe algo em todos os homens que os normalistas em toda a história procuraram controlar. Foram criadores da política, assim como criadores de religiões. Foram aqueles, e ainda são, os que enxergam o futuro e o desenvolvimento de recursos como parâmetro para os preceitos sociais. Ignoraram o inverso desde o início para garantir os resultados de suas ambições. Mas também, estes normalistas são frutos da nossa própria opção de vida, ou seja, o ser humano, desde o início, teve dificuldade para se decidir. Perante uma mesma situação, poderis agir de diversas maneiras, mas a inconstância dos resultados geraria dúvida e cansaço por ter que decidir novamente. Para isso, desde o início, as leis e as normas foram importantes, pois facilitavam ao grupo, em sua própria produção e relacionamento, evitavam discórdias e começavam a gerar resultados previstos. Estas leis e normas ficaram sob a administração de um grupo que se disponibilizou a esta tarefa: os normalistas.
Quando surge o caos, alguns certamente estarão ganhando com isso. Outro grupos, ainda vinculados à lealdade ao povo, lutam por mudanças. Sabem que não podem ignorar totalmente as regras, pois obviamente o homem é um ser movido por elas. Precisam, então, reestruturá-las. Se preciso, utilizando as mesmas armas de seus oponentes políticos, como a persuasão, para movimentar a massa popular.
O problema do homem é que, instintivamente, existe uma vontade de não pensar. Não querem sobrecarregar a mente. Há uma preferência pela decisão automática baseada em padrões. Por isso, torna-se uma peça num jogo de tabuleiro, sobre o qual se encontram dois jogadores. Dos justos e dos injustos e, mais importante ainda, é que quando a sociedade encontra-se nas mãos dos justos ainda tem que torcer para que tudo esteja fluindo a favor, a natureza, o crescimento vegetativo e a razão.
Quando nada está favorável ao desenvolvimento, até mesmo a razão está comprometida. Pode-se chegar à necessidade de reformulação legal, de valores e até mesmo de crenças sobrenaturais. As circunstâncias econômicas e a disponibilidade de comida e outros suprimentos exercem inegável influência sobre os padrões morais. Por exemplo, até mesmo entre chimpanzés, a escassez costuma levar a alguma forma de partilha cooperativa ou de racionamento. Este é o fundamento moral de uma atitude de partilha que faz da abstinência uma virtude, cultiva a moralidade da conservação e encoraja uma distribuição igualitária das benesses da natureza, mesmo para os membros mais fracos de uma sociedade. Na história da civilização há muitos exemplos em que a escassez extrema gerou um efeito contrário, com pânico, entesouramento e elitismo material em seu lugar. Vários impérios libertaram sua população escrava (quando não a disseminavam!), não por serem benevolentes, mas para baixar os elevados custos que mantinham tal população. Ou libertavam ou sucumbiriam diante da própria luxúria. A história de Moisés retrata exatamente isso, deixando de lado os pontos fantásticos desta história.
Sobretudo o que existe na sociedade, inclusive o poder, está o código moral. É um sistema de padrões éticos pelos quais uma dada sociedade controla o comportamento de seus membros, motivando-os para que atinjam os objetivos dela. É um processo de controle psicológico de grupo que geralmente proporciona uma estrutura bem mais ampla de manipulação do que a corporificada apenas no código legal da sociedade.
Na sociedade, quem se rebela contra o código é considerado imoral, mesmo que mais tarde seja julgada como certa e a sociedade como errada. Nestes termos, é essencial ter em mente as pressões subjacentes e as circunstâncias predominantes do momento e do ambiente. Isso quer dizer que códigos morais podem conter preceitos maldosos, mas podem vir a ser aceitos de acordo com a necessidade da população. Sofrem mudanças também quando comparados aos códigos morais de outras sociedades.
Enfim, enquanto a sociedade existir sob um código moral, existe a possibilidade de questionar o sistema e as leis, de lutar por novos ideais e também de surgir como uma nova liderança. Enquanto existir problemas e o caos, existirá, paralelamente, um novo caminho. Uma nova solução.
Fonte: O SURGIMENTO DA SOCIEDADE – Fale com o Especialista - Jornal Carreira e Sucesso
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