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sábado, 23 de abril de 2011

POPULAÇÃO E SOCIEDADE

Autor: Arlindo Matos de Araújo Júnior
População é o conjunto de pessoas que residem em determinado território, que pode ser uma cidade, um estado, um país ou mesmo o planeta como um todo. Ela pode ser classificada segundo sua religião, nacionalidade, local de moradia, atividade econômica e tem seu comportamento e suas condições de vida retratada através de indicadores sociais.
A população de um país pode conter várias nações, como é o caso de diversos países da África, onde os colonizadores europeus estabeleceram as atuais fronteiras em função dos próprios interesses econômicos e geopolíticos.
Em uma dada população, mesmo que as pessoas tenham ideais comuns e formem uma nação, há grandes contrastes no que se refere a participação dos habitantes na renda nacional, ou seja, existem as classes sociais, e daí surge a necessidade da ação do Estado para intermediar os conflitos de interesses. Nos países subdesenvolvidos, o Estado costuma estar a serviço dos interesses privados de uma minoria da população e os serviços públicos são relegados a último plano.
Quanto mais acentuadas as diferenças sociais, maior a concentração da renda, maiores as distâncias entre a média dos indicadores sociais de população e a realidade em que vive a maioria dos cuidados. Por exemplo, se a taxa de natalidade de um país for alta, é necessário considerar o que está acontecendo nas suas diferentes regiões ou classes sociais: os pobres costumam ter mais filhos que os ricos.
População absoluta número total de habitantes e relativa por quilômetros quadrado. Um país é considerado populoso quando o número absoluto de habitantes é alto.
Porém, quando a análise parte do pressuposto que interessa, ou seja, da qualidade de vida da população, esses conceitos devem ser relativizados. Os Países Baixos, apesar de apresentarem uma população relativa alta 429 hab./km, possuem uma estrutura econômica e serviços públicos que atendem as necessidades dos seus cidadãos e não podem, portanto, ser considerados um país superpovoados. Já o Brasil, com uma baixa população relativa, é “muito povoado”, devido a carência de serviços públicos. Nesse contexto, o que conta é a analise das condições socioeconômicas da população, e não a análise demográfica.
O crescimento populacional ou demográfico
Do inicio dos anos 70 até hoje, o crescimento da população mundial caiu de 2,1% para 1,6% ao ano, o numero de mulheres que utilizaram algum método anticoncepcional aumentou de 10% para 50% e o número médio de filhos por mulher em países subdesenvolvidos caiu de 6 para 4. Ainda assim, esse ritmo continua alto e, caso se mantenha, a população do planeta duplicará até 2050.
O crescimento demográfico está ligado a dois fatores: o crescimento natural ou vegetativo, e a taxa de migração, que é a diferença entrem a entrada e a saída de pessoas de um território.
O crescimento da população foi, explicado a partir de teorias. Vejamos as principais.
Teoria de Malthus
Em 1798, Malthus publicou uma teoria demográfica que apresenta basicamente dois postulados:
- A população, se não ocorrerem guerras, epidemias, desastres naturais, tenderia a duplicar a cada 25 anos. Ela cresceria, portanto, em progressão geométrica.
- O crescimento da produção de alimentos ocorreria apenas em progressão aritmética e possuiria em limite de produção, por depender de um fator fixo: o próprio limite territorial dos continentes.
Malthus concluiu que o ritmo de crescimento populacional seria mais acelerado que o ritmo de crescimento da produção alimentar. Previa ainda que um dia estariam esgotadas as possibilidades de aumento da área cultivada, pois todos os continentes estariam plenamente ocupados pela agropecuária e a população do planeta continuaria crescendo. A conseqüência seria a fome, a falta de alimentos para abastecer as necessidades de consumo do planeta.
Hoje, sabe-se que suas previsões não se concretizaram: a população do planeta não duplicou a cada 25 anos e a produção de alimentos cresceu no mesmo ritmo do desenvolvimento tecnológico. Os erros dessa previsão estão ligados principalmente as limitações da época para a coleta de dados, já que Malthus tirou suas conclusões a partir da observação do comportamento demográfico em uma região limitada. Não previu os efeitos decorrentes da urbanização na evolução demográfica e do progresso tecnológico aplicado a agricultura.
A fome que castiga mais da metade da população mundial é resultado da má distribuição, e não da carência na produção de alimentos. A fome existe porque as pessoas não possuem o dinheiro necessário para suprir suas necessidades básicas, fato facilmente do enorme volume de alimentos exportados, as prateleiras dos supermercados estão sempre lotadas e a panela de muitas pessoas n~\o tem nada para comer.
 Teoria de neomalthusiana
Foi realizada uma conferencia de paz em 1945, em São Francisco, que deu origem a Organização das nações Unidas. Foram discutidas estratégias de desenvolvimento, visando evitar a eclosão se um novo conflito militar em escala mundial.
Mas havia um ponto de consenso entre os participantes: a paz depende da harmonia entre os povos e, portanto, da diminuição das desigualdades econômicas no planeta.
Passaram a propor amplas reformas nas relações econômicas, é óbvio, diminuíram as vantagens comerciais e, portanto, o fluxo de capitais e a evasão de divisas dos países subdesenvolvidos em direção ao caixa dos países desenvolvidos.
Foi criada a teoria demográfica neomalthusiana, ela é defendida pelos países desenvolvidos e pelas elites dos países subdesenvolvidos, para se esquivarem das questões econômicas. Segundo essa teoria, uma população jovem numerosa, necessita de grandes investimentos sociais em educação e saúde. Com isso, diminuem os investimentos produtivos nos setores agrícolas e industriais, o que impede o pleno desenvolvimento das atividades econômicas e, portanto, da melhoria das condições de vida da população.
Segundo os neomalthusianos, quanto maior o numero de habitantes de um país, menor a renda per capita e a disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes econômicos.
Ela passa, então, a propor programas de controle de natalidade nos países subdesenvolvidos e a disseminação da utilização de métodos anticoncepcionais. É uma tentativa de encobertar os efeitos devastadores dos baixos salários e das péssimas condições de vida que vigoram nos países subdesenvolvidos a partir de uma argumentação demográfica.
Teoria reformista
Nessa teoria uma população jovem numerosa, em virtude de elevadas taxas de natalidade, não é causa, mas conseqüência do subdesenvolvimento. Em países desenvolvidos, onde o padrão de vida da população é elevado, o controle da natalidade ocorreu paralelamente a melhoria da qualidade de vida da população e espontaneamente, de uma geração para outra.
É necessário o enfrentamento, em primeiro lugar, das questões sociais e econômicas para que a dinâmica demográfica entre em equilíbrio.
Para os defensores dessa corrente, a tendência de controle espontâneo da natalidade é facilmente verificável ao se comparar a taxa de natalidade entre as famílias brasileiras de classe baixa e as de classe média. Á medida que as famílias obtém condições dignas de vida, tendem a diminuir o números de filhos para não comprometer o acesso de seus dependentes aos sistemas de educação e saúde.
Essa teoria é mais realista, por analisar os problemas econômicos, sociais e demográficos de forma objetiva, partindo de situações reais do dia-a-dia das pessoas.
O crescimento vegetativo ou natural
Atualmente, o que se verifica é uma queda global dos índices de natalidade e mortalidade, apesar de estar aumentando o numero de pessoas que vivem na miséria e passam fome. Essa queda está relacionada principalmente ao êxodo rural, e suas conseqüências no comportamento demográfico:
- Maior custo para criar os filhos: é muito mais caro e dificil criar filhos na cidade, pois é necessário adquirir maior volume de alimentos básicos, que não são cultivados pela família. As necessidades gerais de consumo com vestuário, lazer, medicamentos, transportes, energia, saneamento e comunicação aumentam substancialmente.
- Trabalho feminino extradomiciliar: no meio urbano, aumentam sensivelmente o percentual de mulheres que trabalham fora de casa e desenvolvem carreira profissional.
- Aborto: sabe-se, porém, que a urbanização elevou bastante a sua ocorrência, contribuindo para uma queda da natalidade.
- Acesso a tratamento médico, saneamento básico e programa de vacinação: esses fatores  justificam um fenômeno: nas cidades, a expectativa de vida é maior que no campo. Mas isso não significa que a população esteja vivendo melhor, vive apenas mais.
Em alguns países desenvolvidos, as alterações comportamentais criadas pela urbanização e a melhoria do padrão de vida causaram uma queda tão acentuada dos índices de natalidade que, em alguns momentos, o índice de crescimento vegetativo chegou a ser negativo.
Nos países subdesenvolvidos, de forma geral, embora as taxas de natalidade e mortalidade venham declinando, a de crescimento vegetativo continua elevado de 1,7% ao ano.
O movimento populacional
O deslocamento de pessoas pelo planeta se deve principalmente por causas econômicas. Nas áreas de repulsão populacional, observa-se crescente desemprego, subemprego e baixos salários, enquanto nas áreas de atração populacional são oferecidas melhores perspectivas de emprego e salário.
Há tipos diferenciados de movimentos populacionais: espontâneos, quando o movimento, étnica ou política e, por fim, controlados, quando o estado controla numérica ou ideologicamente a entrada de imigrantes.
Qualquer deslocamento de pessoas traz conseqüências demográficas e culturais. Tem crescido, a cada ano, os conflitos entre povos que passam a compartilhar o mesmo espaço nacional em seu cotidiano. Em todo o planeta, crescem os movimentos neonazistas e separatistas, que estão assumindo dimensões criticas na Europa, tendo em conseqüência do grande fluxo de movimento populacional.
Fonte: http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/arlindojunior/geografia034.asp

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